Espaço Rock e Metal Brasil

quarta-feira, 7 de março de 2012

Os Esquecidos: Sepultura - Roorback

Por Diego R. Oliveira
Existem discos que, apesar de sua qualidade, passam despercebidos pela maioria do público por diversas razões. Roorback, álbum do Sepultura lançado em 2003 é uma caso típico de álbum que, embora tenha qualidade indiscutível, nunca atingiu o patamar que merecia.
Depois da saída traumática de Max Cavalera, em 1996, tanto os fãs, como a própria gravadora Roadrunner, acabaram injustamente, na minha opinião, renegando o grupo que outrora tornou uma espécie de mito metálico. Tudo que Andreas Kisser e seus asseclas fizeram a partir de então tornou-se alvo de duras críticas de seu público. A figura de Derick Green foi, talvez por racismo ou qualquer coisa do tipo, associada a "baixa" qualidade dos discos Against e Nation. Uma besteira enorme!
Diante deste desfavorável cenário, o grupo lançou em 2003 "Roorback", um álbum repleto de peso, composto por grandes sons que, entretanto, acabou no ostracismo, pela única e simples razão de ser gravado pela formação renegada do conjunto.


















De cara o play abre com a pedrada "Come Back Alive", tipicamente um som com as características desta fase da banda, ou seja, uma mescla de Hardcore com toques de New Metal, com afinações baixas e vocais urrados de Derick.
"Godless", segue na mesma vibe do clássico "Roots", apenas com a diferença dos vocais e, aliás, sobre os vocais não sei o porquê de tanta reclamação com respeito a eles, pois são totalmente compatíveis com a proposta do álbum.
"Apes of God", tem um riff interessante, já a bateria é uma verdadeira patada, mostrando toda a força de Igor Cavalera, um mestre do instrumento. Vale um destaque para a parte arrastada da música, com claros toques de Doom Metal e, é claro, do grande Black Sabbath.
"More of The Same" é interessante, mas não chega a acrescentar muito ao resultado final, é um típico som na batida do Prong.
"Urge" abusa da batida tribal clássica do grupo, além de vocais urradíssimos, mas não chega a empolgar tanto.
A rápida "Corrupted" é um Hardcore perfeito para o Stage Diving, além de ter om refrão fácil de ser assimilado. Grande som!
"As It Is" lembra o Korn e o Slipknot, fato que deve irritar, e muito, os saudosistas da fase Thrash dos caras. Indicada somente pra quem tem uma mente mais aberta.
O álbum chega então ao seu ápice, "Mind War", o maior clássico da fase Derick Green até então, é uma forte composição que pode sim ser comparada a primeira encarnação da banda, não pelas características sonoras, mas pela força deste som ao vivo.
"Leech" nada mais é do que um forte Hardcore, rápido, cru e agressivo, uma cortesia de Andreas, que nunca se isentou da responsabilidade pelos novos rumos que o Sepultura tomou quando ele passou a ser figura central no conjunto. A música tem uma paradinha no meio que até pode levar o ouvinte, mesmo que de leve, ao passado da banda.
"The Rift" tem solos inspirados de Andreas, e segue na levada simples e rápida que permeia todo o disco.
A digamos mais "estranha" composição de Roorback é "Bottomed Out", cuja levada chega a ser psicodélica, com uma calmaria atípica para o que costumamos ouvir do grupo. Isso a torna um destaque positivo do disco, mostrando o quão talentoso é Andreas Kisser, um cara que não se acomoda no seu passado glorioso, além de não ter medo de ser criticado pelos puristas.
"Activist" traz o disco novamente para o Hardcore, tendo pouco mais de um minuto de duração, não chegando a ter um grande destaque.
"Outro", faixa que encerra o registro, é uma colagem de improvisações em meio a um silêncio que irrita. Sabe aquelas coisas que você pergunta o porque de serem gravadas? Pois é, não precisava!
Roorback é um grande disco, que deve ser ouvido sem preconceito e, principalmente, sem associação ao passado do Sepultura, um disco que foi esquecido injustamente por pura falta de vontade e preconceito do fãs do grupo. Uma pena!


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