Espaço Rock e Metal Brasil

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Engenheiros do Hawaii - O exército de um homem só? Parte I



A pergunta do título bem que poderia ser respondida com um sim, já que Humberto Gessinger, líder e fundador da banda, tem segurado o rojão do combo sulista desde seu início até os dias de hoje.

Em 1984, os estudantes de arquitetura Humberto Gessinger,Carlos Maltz e Marcelo Pitz, em meio a uma grave que rolava na universidade, resolveram participar de atividades culturais estimuladas pela universidade. Surgia aí o embrião dos Engenheiros do Hawaii.

Enquanto no Rio de Janeiro era dado o pontapé inicial daquele que seria o maior evento musical do país, o "Rock in Rio", em 11 de Janeiro de 1985, o grupo gaúcho Os Engenheiros do Hawaii - a origem do nome é uma brincadeira dos membros do grupo com os rivais estudantes de Engenharia que vestiam à época bermudas estilo surfista Hawaiano - fazia seu primeiro show, com um repertório variado que contava com algumas músicas próprias e versões para Roberto Carlos, por exemplo, todas tocadas no compasso do Regaee, que, segundo Gessinger, era mais fácil de ser tocado.

Não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o país, a febre era o Punk Rock, principalmente pelo fato de ainda vivermos um período transitório da Ditadura para a Democracia e, é claro, pelas bobagens incríveis que sempre rondaram nossa política. Este tipo de cenário favorecia o aparecimento de grupos com temática contestadora. Neste aspecto os Engenheiros sempre se diferenciaram, pois seu som sempre foi mais voltado para a mescla de Rock Progressivo, o Rock Inglês dos anos sessenta e a MPB.

Um fato decisivo para o futuro do grupo foi o lançamento da coletânea Rock Grande do Sul, lançada pela gravadora BMG, exclusivamente com bandas gaúchas. Os participantes da coletânea foram selecionados em um show no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, durante um festival promovido pela gravadora para escolher os grupos participantes da coletânea.

Longe Demais das Capitais

O primeiro disco lançado pela banda, "Longe Demais das Capitais", chamou logo a atenção pela diferença do som do trio gaúcho, comparado ao que era produzido pelas outras bandas de rock do país na época. Os principais destaques da bolacha foram as músicas "Sopa de Letrinhas", "Toda a Forma de Poder" - que foi tema da novela global "Hipertensão" - , "Crônica" e a faixa título.
Nesta época aconteceu a primeira mudança na formação do grupo, Marcelo Pitz deixou o grupo por não se adaptar à nova rotina de vida. Agora a banda era composta por Gessinger no baixo, Maltz na bateria e o novo guitarrista, Carlo Licks, apresentado a Gessinger pelo músico gaúcho Nei Lisboa.

A Revolta dos Dândis

O segundo disco dos caras, já com a nova formação, foi recebido com críticas por parte da imprensa que os acusava de elitistas e até Facistas. Deste álbum saíu a mais famosa canção dos Engenheiros, "Infinita Highway", talvez o maior clássico da história do Rock dos Pampas.

Apesar dos dois bons discos, os Engenheiros ainda não haviam sido admitidos na primeira divisão do BRock. Ainda eram uma banda colocada para abrir noites para um grupo considerávelmente inferior como o Capital Inicial. Foi o que aconteceu no terceiro festival Alternativa Nativa realizado no Maracanãzinho entre 14 e 17 de julho de 1988. O Legião Urbana tocou sozinho nas duas primeiras noites e os Paralamas idem na última. Mas Gessinger, Maltz e Licks tiveram que abrir para a banda de Dinho Ouro-Preto na noite de sábado, dia 16. O show dos Engenheiros foi uma espécie de rito de passagem entre a garagem e os grandes palcos. Nem o tropeço literal que Gessinger deu no palco ainda na primeira música, Longe demais das capitais, quebrando seu baixo, fez o trio perder o rebolado diante das 20 mil pessoas que lotavam o ginásio. A partir daí, os Engenheiros encheriam ginásios Brasil afora - sobretudo o Gigantinho de sua cidade natal, lotado sucessivas vezes.

Um ano depois do revolta os Engenheiros lançam um novo disco, "Ouça O Que Eu Digo Não Ouça Ninguém". Neste disco começam a aparecer elementos novos na música dos Engenheiros. Pela primeira vez o teclado é incluído nos arranjos, e surge aí também a primeira composição de Gessinger e Licks - Variações sobre 1 mesmo tema. Mais uma vez a banda é alvo da crítica, desta vez em relação aos clichês subvertidos presentes nas letras de Gessinger. Com três discos na bagagem os caras partiram para o Rio de Janeiro, onde fixaram residência.Era hora do grupo alçar vôos mais altos.

Alívio Imediato

Já com o nome estabelecido na cena era hora de um lançamento ao vivo, "Alívio Imediato", foi lançado em 1989, e mostra toda a força do grupo nos palcos. Gessinger comentou sobre o disco:  "A princípio éramos contra isso, queríamos mostrar o outro lado da banda. Quando ouvimos a fita do show, vimos que era uma demagogia, porque as músicas que ficaram mais diferentes foram as que tocaram na rádio. As outras tocamos praticamente igual. Diante deste impasse, optamos pelas melhores, hits ou não". O disco também traz duas músicas inéditas, "Nau à Deriva" e "Alívio Imediato".

O Papa é Pop

continua...





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